segunda-feira, 8 de abril de 2019

passeio

De um exílio passado entre a montanha e a ilha
Vendo o não ser da rocha e a extensão da praia.
De um esperar contínuo de navios e quilhas
Revendo a morte e o nascimento de umas vagas.
De assim tocar as coisas minuciosa e lenta
E nem mesmo na dor chegar a compreendê-las.
De saber o cavalo na montanha. E reclusa
Traduzir a dimensão aérea do seu flanco.
De amar como quem morre o que se fez poeta
E entender tão pouco seu corpo sob a pedra.
E de ter visto um dia uma criança velha
Cantando uma canção, desesperando,
É que não sei de mim. Corpo de terra.

hilda hilst

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Tocada Por Um Anjo


Nós, desacostumados a coragem
Exilados da graça
Vivemos encolhidos em conchas de solidão
Até que o amor deixe o seu alto e sagrado templo
E se revele
Para nos libertar em vida.
O amor nos alcança
E em seu cortejo vem os êxtases
Velhas memórias do prazer
Antigas histórias de dor.
Se formos corajosos, no entanto,
O amor afasta as correntes do medo
De nossas almas.
Desacostumados por nossa timidez,
No clarão das luzes amorosas
Nós ousamos ser corajosos
E de repente vemos
Que o amor sacrifica tudo que somos
E o que seremos.
E, no entanto, é só o amor
Que nos liberta.


maya angelou

passarinhos

  Despencados de voos cansativos Complicados e pensativos Machucados após tantos crivos Blindados com nossos motivos Amuados, reflexivo...