terça-feira, 27 de abril de 2010




When we meet again
Introduced as friends
Please don't let on that you knew me when
I was hungry and it was your world.


just like a woman - bob dylan

sábado, 24 de abril de 2010



todo caminho da gente é resvaloso. Mas, também, cair não prejudica demais - a gente levanta, a gente sobe, a gente volta.




guimarães rosa

domingo, 18 de abril de 2010



não é sadismo quanto as lágrimas, tampouco medo da solidão,
há necessidade, calor, cheiro, sexo, tato, sintonia. não há que se perder
anseios, nem certezas.
dizem que amores vêm e vão, mas não nos perguntam quem queremos que fique.
não nos avisam que não adianta construir castelos nem em cima de nós mesmos, nem
ao redor de outro ser.
o que se faz quando tudo que você julgava correto não é mais assim ?
será que de repente você errou e não percebeu, achando que estava indo bem ?
como suportar agora continuar sem aquele gosto ?
as vezes fica a idéia de que era melhor não estar

respirando, porque a dor dilacera como um punhal cravado no peito, cruel.

não nos ensinam a desamar, isso é um erro grave. porque já pensou
o tamanho do precipicio que fica em quem fica ?



candice machado

sábado, 17 de abril de 2010

o homem público n° 1



Tarde aprendi

bom mesmo
é dar a alma como lavada.
Não há razão
para conservar
este fiapo de noite velha.
Que significa isso?
Há uma fita
que vai sendo cortada
deixando uma sombra
no papel.
Discursos detonam.
Não sou eu que estou ali
de roupa escura
sorrindo ou fingindo
ouvir.
No entanto
também escrevi coisas assim,
para pessoas que nem sei mais
quem são,
de uma doçura
venenosa
de tão funda.


ana cristina cesar

quinta-feira, 15 de abril de 2010

canção da mirada secreta



Foram-se os amores que tive

ou me tiveram. Partiram
num cortejo silencioso e iluminado.
A solidão me ensina
a não acreditar na morte
nem demais na vida: cultivo
segredos num jardim
onde estamos eu, os sonhos idos,
os velhos amores e os seus recados,
e os olhos deles que ainda brilham
como pedras de cor entre as raízes.


lya luft

segunda-feira, 12 de abril de 2010



Coveiros gemem tristes ais
E realejos ancestrais juram que
Eu não devia mais querer você
Os sinos e os clarins rachados
Zombando tão desafinados
Querem, eu sei, mas é pecado
Eu te perder
[...]


tanto - skank

terça-feira, 6 de abril de 2010

prelúdios intensos para os desmemoriados do amor

III


Contente. Contente do instante

Da ressurreição, das insônias heróicas
Contente da assombrada canção
Que no meu peito agora se entrelaça.
Sabes? O fogo iluminou a casa.
E sobre a claridade do capim
Um expandir-se de asa, um trinado

Uma garganta aguda, vitoriosa.

Desde sempre em mim. Desde
Sempre estiveste. Nas arcadas do Tempo
Nas ermas biografias, neste adro solar
No meu mudo momento

Desde sempre, amor, redescoberto em mim.



hilda hilst

segunda-feira, 5 de abril de 2010

esotérico


Não adianta nem me abandonar
Porque mistério sempre há de pintar por aí
Pessoas até muito mais vão lhe amar
Até muito mais difíceis que eu pra você
Que eu, que dois, que dez, que dez milhões, todos iguais
Até que nem tanto esotérico assim
Se eu sou algo incompreensível, meu Deus é mais
Mistério sempre há de pintar por aí
Não adianta nem me abandonar (não adianta não)
Nem ficar tão apaixonada, que nada
Que não sabe nadar
Que morre afogada por mim.


gilberto gil

domingo, 4 de abril de 2010

canção da estrela murmurante



Nós nos amaremos docemente,

Nesta luz, neste encanto, neste medo:
Nós nos amaremos livremente
No dia marcado pelos deuses.

Nós nos amaremos com verdade
Porque estas almas já se conheciam:
nós nos amaremos para sempre
Além da concreta realidade.

Nós nos amaremos lindamente,
nós nos amaremos como poucos.
no teu tempo.



lya luft

passarinhos

  Despencados de voos cansativos Complicados e pensativos Machucados após tantos crivos Blindados com nossos motivos Amuados, reflexivo...