sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

São meus estes rios


São meus estes rios

que buscam caminho

até ao seu fim marítimo.

rastejando entre luar e silêncio,

como a água entre o quissange das pedras,

sombra e madrugada,

A minha alma está neles,

rios remotos, remotos como eu.

líquida e sonora

o anoitecer nas fontes.

rios remotos, remotos como eu.

Tenho rios vermelhos e quentes
na minha dimensão física,

manuel lima

Despedidas


Começo a olhar as coisas
como quem, se despedindo, se surpreende
com a singularidade
que cada coisa tem
de ser e estar.
Um beija-flor no entardecer desta montanha
a meio metro de mim, tão íntimo,
essas flores às quatro horas da tarde, tão cúmplices,
a umidade da grama na sola dos pés, as estrelas
daqui a pouco, que intimidade tenho com as estrelas
quanto mais habito a noite!
Nada mais é gratuito, tudo é ritual
Começo a amar as coisas
com o desprendimento que só têm os que amando tudo o que perderam
já não mentem.





Affonso Romano de Sant’Anna

passarinhos

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