segunda-feira, 29 de abril de 2013

poema


oh! aquele meninozinho que dizia
"fessora, eu posso ir lá fora?"
mas apenas ficava um momento
bebendo o vento azul...
agora não preciso pedir licença a ninguém.
mesmo porque não exite paisagem lá fora:
somente cimento.
o vento não mais me fareja a face como um cão amigo...
mas o azul irreversível persiste em meus olhos.

mario quintana - a vaca e o hipogrifo, p. 152

quinta-feira, 11 de abril de 2013

se eu fosse um padre


se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
— muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,

não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
se eu fosse um padre eu citaria os poetas,

rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!

porque a poesia purifica a alma
...e um belo poema — ainda que de Deus se aparte —
um belo poema sempre leva a Deus!

mario quintana

sexta-feira, 5 de abril de 2013

impressionista

Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.  

adélia prado

passarinhos

  Despencados de voos cansativos Complicados e pensativos Machucados após tantos crivos Blindados com nossos motivos Amuados, reflexivo...