segunda-feira, 31 de maio de 2010




Lobos? São muitos.
Mas tu podes ainda
A palavra na língua
Aquietá-los.
Mortos? O mundo.
Mas podes acordá-lo
Sortilégio de vida
Na palavra escrita.
Lúcidos? São poucos.
Mas se farão milhares
Se à lucidez dos poucos
Te juntares.
Raros? Teus preclaros amigos.
E tu mesmo, raro.
Se nas coisas que digo
Acreditares.
hilda hilst

quinta-feira, 27 de maio de 2010




alegre, era a gente viver devagarzinho,
miudinho, não se importando
demais com coisa nenhuma.
...

sábado, 15 de maio de 2010




Hoje tomaria um porre de conhaque com você. Um porre lúcido. Fomos feitos para tomar porres de conhaque um com o outro. Lembrei duns versos de Bob Dylan, que me vieram em português — não sei em inglês, nem de que canção seriam: “Se eu quisesse, poderia enlouquecer / sei tantas histórias terríveis”. Algo assim.

caiof.

versos íntimos




Vês?! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te a lama que te espera!
O Homem que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera

Toma um fósforo, acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro.
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa ainda pena a tua chaga
Apedreja essa mão vil que te afaga.
Escarra nessa boca de que beija!


augusto dos anjos

terça-feira, 11 de maio de 2010





Sobre cada dia ela se equilibrava nas pontas dos pés,

sobre cada frágil dia que de um instante para outro
poderia se partir e cair em escuridão. Mas ela
milagrosamente o atravessava e exausta de alegria
e cansaço chegava a dormir para o dia
seguinte surpreendida recomeçar.



clarice

passarinhos

  Despencados de voos cansativos Complicados e pensativos Machucados após tantos crivos Blindados com nossos motivos Amuados, reflexivo...